terça-feira, 15 de setembro de 2009

Quero uma casa no campo



A natureza do homem é boa

Mêncio foi um sábio chinês contemporâneo de Aristóteles no Ocidente. A ele devemos muita de nossa compreensão do pensamento de Confúcio. Aqui ele explica a perspectiva de Confúcio acerca da natureza humana e seu desenvolvimento.

A tendência da natureza do Homem para o bem é como a tendência da água em fluir para baixo. Não há quem não tenha essa tendência para o bem, como toda água tende a fluir para baixo.

Ao batermos na água fazendo-a espirrar para cima, podemos conseguir que ela respingue acima de nossa cabeça e, ao represá-la e conduzir seu curso, podemos forçá-la a subir, morro acima – mas estariam estariam tais movimentos de acordo com a sua natureza? É a força exercida que os causa. Quando os homens são forçados a fazer o que não é o bem, sua natureza está sendo manipulada de maneira semelhante.

Todas as coisas do mesmo tipo são semelhantes umas às outras – por que teríamos dúvidas quanto ao Homem, como se ele fosse a única exceção a essa regra? O sábio e nós somos do mesmo tipo.

As árvores da Nova Montanha já foram belas. Encontrando-se, entretanto, na fronteira de um grande Estado, foram cortadas pelos machados e pelas serras – e teriam conseguido manter sua beleza? Ainda através da atividade da vida vegetativa dia e noite, e da influência nutritiva da chuva e do orvalho, não deixaram de dar brotos e ramos; mas logo vieram os bois e as cabras, e deles se alimentaram. A tais coisas deve-se a aparência desolada e árida da montanha que, vista pelas pessoas, parece não ter sido muito bem coberta pelas matas. Ma será essa a natureza da montanha?

Da mesma forma se dá o que pertence propriamente ao Homem – pode-se dizer que a mente de algum homem não tenha sido provida de benevolência e justiça? A maneira pela qual o homem perde o bem próprio de sua mente é semelhante àquela em que as árvores são tombadas por machados e serras. Talhada diariamente, poderá ela – a mente – manter sua beleza? Mas há um desenvolvimento de sua vida dia e noite, e no ar sereno da manhã, justo entre a noite e o dia, a mente sente num certo grau aqueles desejos e aversões característicos da humanidade, mas o sentimento não é forte e sofre o ataque e a destruição daquilo que se passa durante o dia. Acontecendo dia após dia tais obstruções ao seu desenvolvimento, a restauradora influência da noite não é suficiente para preservar o bem próprio da mente; e quando se comprova essa insuficiência para tal propósito, a natureza se torna não muito diferente da natureza dos animais irracionais que as pessoas, ao observarem-na, acham que nunca teve esses poderes que estou afirmando. Mas tais condições representariam os sentimentos próprios da humanidade?

O jogo de xadrez não passa de uma pequena arte, mas sem a entrega total da mente, e sem os desejos voltados totalmente para tanto, um homem não é capaz de nela atingir bom êxito. Chess Ts’ew é o melhor enxadrista do reino. Suponhamos que ele esteja ensinando dois homens a jogar. Um deles entrega-se de mente aberta e volta toda a força do seu desejo para o aprendizado, e nada faz que nãos eja escutar o mestre. O outro, embora pareça estar prestando a máxima atenção nos ensinamentos de Chess Ts’ew, está na verdade pensando no cisne que se aproxima e querendo preparar o arco, ajustando bem a flecha para acertá-lo. Embora esteja aprendendo com o outro, não conseguirá se equiparar a ele. Porquê? Por que sua inteligência não é igual? Não se trata disso.

Há casos em que os homens, por um determinado curso, podem preservar a vida, e não seguem tal curso; em que, por determinadas coisas, podem evitar o perigo, e não fazem tais coisas.

Portanto, os homens têm o que lhes apraz mais do que a vida e o que lhes desgosta mais do que a morte. Não serão homens de distintos talentos e virtudes somente aqueles que tenham essa natureza mental. Todos a têm; o que pertence a tais homens é simplesmente o que eles não perdem.

O discípulo Kung-too disse: - Todos são igualmente homens; mas alguns são grandiosos e outros, insignificantes: como se dá isso?

Mêncio retrucou: - Aqueles que seguem o que neles é grandioso são grandiosos; aqueles que seguem o que neles é insignificante são insignificantes. À mente cabe o ofício de pensar. Pensando, ela obtém a visão correta das coisas; negligenciando o pensamento, ela fracassa nesse intento. Apegue-se o homem à supremacia da parte mais nobre de sua constituição, e a parte inferior não será capaz de lhe tomar essa posição. É simplesmente isso que faz um homem grandioso.

Cirilo Veloso



Casa No Campo

Elis Regina

Composição: Zé Rodrix e Tavito

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais

Nenhum comentário:

Postar um comentário