quinta-feira, 30 de julho de 2009

A tarde de mais


Então chegou a tarde
Olha no relógio
Aflitas as horas passam
Espera, expectativa, ansiedade

Tarde, tardinha, tarde demais

Apesar de achar que é tarde demais

Ainda sobram questões e divagações

Pensamento corre, voa lá

Vem pra cá e diz:

"Pra "quê" horas?"
Vai pro banho, se ensaboa

Ensaboando, as bolhas camuflam a pele
Nada se esconde, tudo é escancarado

Volta, o cheiro mais refrescante de aconchego

Belisca, belisca de novo


Risada, sorria, soslaio, abre a boca e dá uma gargalhada

Passou e foram minutos em anos

Agora deita e descansa no sonho

Sonha a mais linda das tardes

Tarde, tardinha, tarde demais

Uma tarde demais
Uma tarde de mais!


Retrato em Branco e Preto

Tom Jobim

Composição: Chico Buarque

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho,
E sei também que ali sozinho,
Eu vou ficar tanto pior
E o que é que eu posso contra o encanto,
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto e que, no entanto,
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes, velhos fatos,
Que num álbum de retratos
Eu teimo em colecionar

Lá vou eu de novo como um tolo,
Procurar o desconsolo,
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras,
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado,
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado e você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto,
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração

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